domingo, 14 de outubro de 2012

Libertação



 Ai você percebeu que não é desejo, não é carnal
O sentimento se transformou, o verão passou, 
Mas a primavera também é luz.

O sentimento é de independência
O amor enfim se emancipou das teorias
Agora ele se expandiu, saiu do quarto.

Agora anda pelas raus, pelos lugares, pelas distâncias
O amor quer se encontrar no outro, assim, derepente
                                       [mas só quando ele quiser]. 
Ele não quer ser um peso,
Ele morreria se a balança pesasse só pra um lado.
Ele voltaria para seu estado natural.

Bê Alves


Poema negro²

Ah... esse "amor" negro meu
Com ele meu mundo é cinza
E eu queria poder dizer adeus.

Palavras soltas, pensamentos de segunda-feira
Não consigo nem dizer quem ele é,
Sua áura é incolor e seu marasmo me dá sono.

Se vens no meu caminho, 
Me coloco na contra mão do tempo e desapareço.
Quando a sexta chega e "meus pupilos" pedantes
Estão tentando mudar o mundo, te encontro na esquina.

Te ofereço uma conversa e tomamos umas cervejas,
O relógio está impaciente. 
Depois com os ouvidos já cansados,
Aproveito pra usufruir do melhor do meu amor negro.

Bê Alves

Poema negro¹

Te quero na terça, 
De segunda ainda tenho uma sobra,
Na quarta tanto faz
Vou viver com os amigos.

Se me procuras pra conversar
Te digo que meu tempo está no limite.
Se queres me beijar, digo que não posso,
              [peguei uma bactéria e quero te preservar]. 
Assim vou desaparecendo pelo resto da semana.
O tempo é meu e não de todo mundo.

Não falo de amor porque não sinto,
Não porque sou insensível, mas, 
O amor é algo mais profundo que um arrepiar da pele, 
Ele arrebata, ele transporta.
Não falo do amor porque ainda estou na terra.

Bê Alves

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Inspiração

Me senti nua ao ler-te,
Cada linha, cada palavra
Decifrava o meu mais íntimo
Desejo da vida, do amor.

As intermitências seguiam
Em uma Higway, tudo me
Tocava profundamente.
O desejo pela obscuridade dos dias
Tudo em mim reluziu, tomou forma.

Quem poderá ser o mesmo
Depois dessa faca encravada
No fundo da alma? Não serei!

A poesia se transformou o próprio coração
É um pulsar para além do fechar dos olhos,
Será também a lembrança.

Não poderei ser igual
Não poderei ser diferente
Não poderei seguir seus passos
Não poderei deixar de caminhar.
Não poderei ser de tanta luz
Não poderei ser de toda escuridão.

Serei assim como o intermédio
A oscilação entre primavera e inverno
Não com toda beleza, mas com grande ânsia dela.


Bê Alves

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Semente

Roupas empoeiradas; 
Regresso por esse caminho que me é familiar;
Nas idas e voltas poucas coisas que reconheço, mas, insisto.
Muito já se perdeu, morreu!
As certezas se questionam e se agarram nos últimos fios da história.
Pessoas andam por cima dos caminhos, sentem medo de se fixar a terra.
Sentem medo de encarar seu peso,
Sentem medo da incerteza. Existem pesos desnecessários!
O momento nunca é vão, vários foram e se foram.
Mas sempre algo é deixado, um ensinamento, uma semente.
A semente é sempre regada, uns dias com grande veemência,
Outros somente pra não deixar morrer.
Somente não deixar morrer.


Bê Alves

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O deleite da apreciação



 Um urubú lá no alto deve ser feliz;
Quem vive na nuvem dispersa, deve ser feliz;
Quem senti a brisa do finzinho do dia, com certeza é feliz;
Falo de tristeza, não falo de dor...
Dor doi e não irei falar do desnecessário.
Pensando em quem tão longe está, mas não querendo deixar a vida passar.
E fica o dia inteirinho repetindo as mesmas palavras " sinta o amor, só o amor. Vá viver e não tenha presa de voltar, o contrário não importa, não interessa. Se ele está, tudo tens, tens tudo!!"
Vá plantar, vá colher, vá "simbora" 
Vai vai vai.....

Bê   Alves

terça-feira, 10 de abril de 2012

E se não tem sentido?

Contemplação, olhar para dentro de si mesmo, perguntar quem sou. Esses questionamentos na vida contemporânea não são permitidos se fazer. Ora, quem sou: tu é um ser humano, diferente dos demais animais porque foi e é capaz de se comunicar, viver em sociedade, de raciocinar. Ponto!


Para uma resposta rápida, prática e sem perda de tempo parece convencer, ou seja, temos coisas muito mais importantes para fazer do que ficar refletindo sobre nós mesmos.


Não temos tempo para esses devaneios “supérfluos”. Você tem mais é que dá respostas para outras pessoas, sua condição social, seu papel social, suas responsabilidades inadiáveis. Você tem é que dá conta do SEU TRABALHO, seus amigos (se der tempo) sua família (se sobrar tempo) sua posição política (se não tiver tão cansado) ,ou seja, você DEVE ser um individuo sociável, integro, boa pinta, com futuro promissor. Conclusão, dócio!


Este último aspecto é muito forte e importante, tendo em vista que a dominação se dá através dos corpos dóceis. A docilidade é utilidade, desde que nascemos e muito mais quando chegamos ao cenário público, somos à todo o momento manobrados pelas instituições sócio-políticos e assim, temos um estado de coisas inquestionável!


O homem da polis está sepultado (os assuntos públicos são privados de um punhado de abutres). Os seguidores de Sócrates estão tão cansados ( tantas coisas para questionar que uma boca e duas pernas precisam de reforços).


O “homem moderno” é racional e não questionador.


O primeiro é para a aceitação e o segundo para o estranhamento. Mas existe um paradoxo, o estranhamento é estanho na nossa sociedade, ou melhor, um perigo. Entretanto, não é perigo para os estranhadores e sim para aqueles que determinam que a vida é assim mesmo.


A individualidade do “ser moderno” transformou-se em um individualismo crônico. Não queremos saber se milhões morrem de fome todos os anos, ou melhor eu nem quero saber do meu vizinho, porque a partir do momento que participo do seu cotidiano, seu drama, sou conhecedor e possuo uma responsabilidade com esse. Pelo menos o Pequeno Príncipe achou isso (o planetinha dele era mais legal).


Conclusão, temos que ser racionais para aceitarmos o estado de coisas e não questionadores. Estamos tão sufocados que não temos tempo nem pra refletir sobre nossa própria existência, uma vez que somos seres humanos. Seres humanos sem humanidade, sem sensibilidade diante do caos social que vivemos. De que me adianta ser diferente dos outros animais? De que me serve a comunicação se não falo com ninguém, nem comigo mesmo? ou só fico articulando como vou ganhar mais dinheiro. Qual o sentido das pessoas se não quero sabem de mais ninguém só do meu umbigo? Qual o sentido de enchermos o peito de orgulho em ser um ser RACIONAL se não penso a razão de mim e dos demais?

Se for para ser humano tem que ter humanidade. Uma pessoa não muda o mundo, mas com certeza ajuda as demais. 

Bê Alves


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Razão do amor


O  amor é uma tormenta.
Está entre querer fazer o que o corpo deseja e ficar na retaguarda.
É dominar o indomável
É embrulhar à ferro aquilo que lá no fundo a gente diz que é só saudade.
Mas de saudade eu sei que não morrerei!
A alma pergunta:
Achas que podes aguentar esses calafrios de certeza?
E o corpo responde:
_Entre o consciente e o inconsciente existe uma linha tênue, é onde se encontra a calma ou consolo, foi onde a esperança repousou, é onde o mistérios dos amores se esconde.

Bê Alves

Ciclo

Pelo amor até esqueceu que amava
Agora não vê mais nada.
E a memória falhou justo no melhor da vida. 
Bem, foi o que lhe falaram!
De tão maduro o coração apodreceu, caiu no chão e, com o passar dos dias desapareceu. 
Na certa virou alimento pra terra e agora chora, atrás de um novo coração.
  
Bê Alves

Meu querer


Hoje eu queria ter dançado, virado a noite, acordar sentada!
Queria ter balançado os quadris até quebrar, deixar o pé lascado de dor e o cabelo suado de tanta alegria.
Ter olhado nos olhos do moço fingindo que era inocente, beijado à luz do luar!
Bem, eu queria ter viajado no som da música e no embalo da dança. Hoje eu queria ter cantado!
Ahhh...Como eu queria te tirar da tristeza e te ver dançar Morena de Angola.
Mas não dancei, não suei, não cantei e nem beijei, mas pelo menos moça eu tentei!

Bê Alves