terça-feira, 10 de abril de 2012

E se não tem sentido?

Contemplação, olhar para dentro de si mesmo, perguntar quem sou. Esses questionamentos na vida contemporânea não são permitidos se fazer. Ora, quem sou: tu é um ser humano, diferente dos demais animais porque foi e é capaz de se comunicar, viver em sociedade, de raciocinar. Ponto!


Para uma resposta rápida, prática e sem perda de tempo parece convencer, ou seja, temos coisas muito mais importantes para fazer do que ficar refletindo sobre nós mesmos.


Não temos tempo para esses devaneios “supérfluos”. Você tem mais é que dá respostas para outras pessoas, sua condição social, seu papel social, suas responsabilidades inadiáveis. Você tem é que dá conta do SEU TRABALHO, seus amigos (se der tempo) sua família (se sobrar tempo) sua posição política (se não tiver tão cansado) ,ou seja, você DEVE ser um individuo sociável, integro, boa pinta, com futuro promissor. Conclusão, dócio!


Este último aspecto é muito forte e importante, tendo em vista que a dominação se dá através dos corpos dóceis. A docilidade é utilidade, desde que nascemos e muito mais quando chegamos ao cenário público, somos à todo o momento manobrados pelas instituições sócio-políticos e assim, temos um estado de coisas inquestionável!


O homem da polis está sepultado (os assuntos públicos são privados de um punhado de abutres). Os seguidores de Sócrates estão tão cansados ( tantas coisas para questionar que uma boca e duas pernas precisam de reforços).


O “homem moderno” é racional e não questionador.


O primeiro é para a aceitação e o segundo para o estranhamento. Mas existe um paradoxo, o estranhamento é estanho na nossa sociedade, ou melhor, um perigo. Entretanto, não é perigo para os estranhadores e sim para aqueles que determinam que a vida é assim mesmo.


A individualidade do “ser moderno” transformou-se em um individualismo crônico. Não queremos saber se milhões morrem de fome todos os anos, ou melhor eu nem quero saber do meu vizinho, porque a partir do momento que participo do seu cotidiano, seu drama, sou conhecedor e possuo uma responsabilidade com esse. Pelo menos o Pequeno Príncipe achou isso (o planetinha dele era mais legal).


Conclusão, temos que ser racionais para aceitarmos o estado de coisas e não questionadores. Estamos tão sufocados que não temos tempo nem pra refletir sobre nossa própria existência, uma vez que somos seres humanos. Seres humanos sem humanidade, sem sensibilidade diante do caos social que vivemos. De que me adianta ser diferente dos outros animais? De que me serve a comunicação se não falo com ninguém, nem comigo mesmo? ou só fico articulando como vou ganhar mais dinheiro. Qual o sentido das pessoas se não quero sabem de mais ninguém só do meu umbigo? Qual o sentido de enchermos o peito de orgulho em ser um ser RACIONAL se não penso a razão de mim e dos demais?

Se for para ser humano tem que ter humanidade. Uma pessoa não muda o mundo, mas com certeza ajuda as demais. 

Bê Alves


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